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HISTÓRIA DE VIDA - 24/10/2013

Filha de José Duarte e Maria Conceição Gonçalves, Maria Amaral Xavier formou-se como professora. Casou-se com Pedro Xavier, com quem teve 4 filhos (Vilma, Silézia – in memorian – José Maria e Vânia), 5 netos e uma bisneta. Após completar 100 anos de vida, recentemente, Maria recebeu a reportagem GP para contar um pouco da sua história de vida. Leia. DE CAVALO OU A PÉ - “Eu morava em uma fazenda chamada Barroca; por isso todos chamavam o meu pai de Juca da Barroca. Era um distrito de Pará de Minas, não tinha rodovia, nem nada, só estrada de terra e, para vir a Pará de Minas, a gente vinha a cavalo ou a pé. Quando eu fiz 7 anos, meu pai me matriculou na escola de Pequi/MG e a gente se mudou para lá. Ele queria que todos os filhos dele estudassem. Para tanto, vendeu uma parte da fazenda para pagar os estudos. Foram 3 dias de viagem; a mudança foi de carro de boi. Mas mudança de gente da roça não tem muita coisa para levar, também não (riso). De Pequi, viemos para Pará de Minas, quando a diretora daqui disse que eu já sabia ler e escrever direitinho e que, por isso, eu poderia me matricular direto no 3º ano. Sempre fui muito inteligente, queria ser a melhor da turma. Uma vez, minha professora falou pro meu pai: O senhor tem que puxar muito essa menina, porque ela é muito inteligente. Ele ficava feliz, porque o sonho dele era que os filhos fossem alguém na vida. Depois de concluir o grupo, fui para Itaúna/MG até terminar meus estudos. Eu ia de trem; ia até a estação a pé, carregando aquele tanto de malas. Ficava naquela cidade de fevereiro até junho... 6 meses lá, 6 aqui, até me formar. Eu não gostava de ir de jeito nenhum, quase ia amarrada (riso). Depois de formada no magistério, trabalhei por muitos anos como professora”, conta Maria. CURIOSIDADE E CASAMENTO - “Quando eu era mais nova fazia de tudo: ajudei minha mãe, aprendi a costurar e a fazer crochê. Eu era muito curiosa (riso). Sempre queria aprender de tudo um pouco. Ia para a roça ajudar o papai a plantar, colher e arrumar o terreno. Quando mais velha, assumi outro papel: cuidar dos mais novos. Em 1931, eu casei com o Pedro Xavier. Quando eu me mudei para cá eu já o conhecia, mas era muito nova ainda. Quando nos casamos, eu tinha 28 e ele, 25. Eu saía muito pouco, mas viajava, às vezes, para a fazenda da minha avó, para Sete Lagoas/MG, Pequi/MG”... PASSEIO NO CRISTO - “Pará de Minas mudou demais! Dava para contar as casas que tinham. A cidade foi crescendo e hoje está desse tamanhão! Como o mundo de hoje mudou! Naquela época, era difícil achar casa para alugar. Então, um amigo do papai falou: Vou construir uma casinha boa para vocês, aqui em cima. Ele fez um chalezinho e lá moramos por muitos anos. Ele cobrava um aluguel baratinho. Lembro-me também de quando eu saía com as minhas crianças para passear, dávamos as mãos, fazendo aquele cordão. Ia abrindo caminho pelo mato até o Cristo. Era o nosso passeio na época”. PADRE LIBÉRIO - “A religião é tudo! Durante toda a minha vida fui muito católica. Quando era pequena, saía lá da fazenda e ia fazer catequese com o padre Libério, lá em Pequi, onde havia uma igrejinha chamada Santo Antônio. No sábado, a gente ia para lá e ele catequizava uns 20 meninos. Naquela época, já podia crismar com menos de 7 anos. O bispo todo ano ia lá fazer crisma e eu com 3 anos já estava crismada. O padre Libério era o vigário de Pequi, mas cuidava de toda a região. Ia para lugares que nem arraial eram... só umas casinhas na beira da estrada (riso). Ia a cavalo, a pé, com sol ou chuva, dormia lá e voltava no dia seguinte”. A BISNETA – “Eu acho que a minha vida foi muito boa. Passei por muitas dificuldades também, mas, graças a Deus, a família vai toda bem. A minha bisneta chama-se Mariana, mora em Belo Horizonte e vai fazer 5 anos. É esperta que só (riso). Fico vendo ela ir de um lado para o outro sozinha e acho que ela puxou a mim (riso). NOTA TRISTE - “Passamos por dificuldades, quando eu era pequena. Ver o papai vender a fazenda, pouco a pouco, para ver os filhos todos formados foi difícil. Mas eu e meus irmãos nos demos bem na vida. Depois, perdi uma filha... (Silézia); ela tinha problema no rim, precisava de um transplante. Eu era a única doadora compatível e doei um rim para ela. Um meu cá, outro meu, lá (riso). Mas depois de 17 anos, sem nenhuma complicação, o corpo dela começou a rejeitar o meu rim... e ela faleceu”.

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