Todo fim de ano, a reportagem GP observa a movimentação de crianças carentes e até não carentes escrevendo diversas cartas iguais, endereçadas a Papais Noéis, e entregando-as em residências de famílias com melhor condição financeira que da sua. Há quem desconfie que essas crianças são orientadas por irmãos mais velhos e até pelos pais, uma vez que costumam pedir, além de presentes, cestas básicas. Algumas famílias, sensibilizadas, acabam levando presentes e cestas para uma ou mais crianças de uma única família, carente ou não. Mas há também crianças que entregam uma única cartinha à agência local dos Correios, na expectativa de realizar o sonho de ganhar, ainda que seja apenas um presente de Natal. Trata-se, na verdade, de uma bem bolada campanha anual dos Correios que sensibiliza muitas pessoas. A reportagem GP procurou a gerente dos Correios, Patrícia Henriques Medeiros, 37, e a agente, Rosana Melo Franco, 48, para contar tudo sobre essa social campanha. Vale a pena conferir.
“As cartinhas para o Papai Noel são selecionadas por escolas de regiões realmente carentes. Nós selecionamos as escolas, juntamente com a secretaria de educação, situadas em regiões de risco. É um trabalho feito há mais de 10 anos, no Brasil inteiro, quando uma criança enviou uma carta, um carteiro leu, achou emocionante e quis ajudar. Desde então, esse projeto vem sendo realizado. A faixa etária limite é de 10 anos e o número de cartas por ano é de 500. Colocamos esse limite, porque já há uma demanda muito grande de postagem de cartas normais, nessa época do ano”, explica a agente Rosana.
ALUNOS - “As cartas têm de ser enviadas por crianças matriculadas em escolas. Depois da seleção, chamamos a população para vir buscar as cartinhas e entregar aqui, nos Correios, os presentes até o dia 13 de dezembro para dar tempo de entregarmos os presentes em cada escola para que elas entreguem diretamente para cada aluno, antes de começarem as férias”, fala a gerente, Patrícia.
EMOÇÃO – “O que mais se pede ao papai Noel é material escolar, bonecas, carrinhos e cestas básicas. Mas há cartinhas que pedem guloseimas como pizza ou caixa de bombons. Como são crianças carentes, os pedidos são acessíveis a todos os padrinhos por serem simples de atender. Mas há também pedidos inusitadas como um emprego mais perto de casa para a mãe, cesta básica para o asilo, pois o avô está internado lá, dicionário para conseguir fazer os Deveres de Casa. É emocionante ver alguns pedindo algo, não para si, mas para ajudar aos outros”.
CURIOSIDADES - Houve um ano que uma criança pediu um peixe cobra. Aí, fomos na escola do bairro Padre Libério entregar o peixe em um balde com ração (riso). Houve um caso de entregarmos no Recanto da Lagoa um cachorrinho, com casinha e ração. Os padrinhos são muito atenciosos. Já houve pedido bicicleta, Play Station e até cadeira de rodas, todos atendidos”.