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Vitiligo: “Eu recebi um milagre de Nossa Senhora Aparecida” - 30/01/2014

O vitiligo é uma doença que provoca a perda de pigmentação da pele, chega atingir 1% da população e, em alguns casos, a pessoa sente constrangimento ao ver sua pele sofrendo essas alterações rosadas. A reportagem GP ficou sabendo, recentemente, que a atleta Abadia Nascimento, 50, teve esse doença, quando criança, e entrou em contato com ela por se tratar de uma doença pouca comum. Ela poderia não conceder a entrevista, mas guerreira que é, aceitou o desafio. Confira. “Na fase dos meus 2 anos, certo dia, quando estava correndo, cai e tive um pequeno esfolado na testa. Não era nada para se preocupar e, com o tempo, esse machucadinho secou e deu aquela casquinha. Aí, minha disse, que eu arranquei a casquinha e o local ficou mais claro como em qualquer pessoa. Porém, com o passar dos dias, aquele lugar foi ficando mais claro e, cada vez maior, e foi se espalhando pelo corpo. Minha testa ficou branca mais branca que o leite e, naquela época, não existiam muitos recursos. Eu não entendia bem o que era aquilo, mas sentia o preconceito das pessoas, as palavras mal ditas, os termos muito pejorativos eu percebia e chorava muito, porque isso me doía e eu não tinha como me defender... era uma criança”, suspira Abadia. DIFICULDADES – “Meu pai trabalhava no D.E.R., recebia salário mínimo com serviço braçal e minha mãe era dona de casa e eu sou a caçula de 12 filhos. Ou seja, a situação era muito difícil, financeiramente falando, e nossa cidade (Pedigão) era muito pequena. Na época, chamava-se Saúde e só tinha um farmacêutico. Quando o vitiligo foi se espalhando pelo meu corpo, braços, pernas, meus pais, já em desespero, me trouxeram para Pará de Minas, onde já havia mais recurso. Me levaram em um médico que se chamava Dr. Heleno Leitão que me encaminhou para Belo Horizonte dizendo que era um caso difícil e que ele não sabia o que fazer. Aí, passei pela junta médica do D.E.R. e eles falaram com meus pais que, mesmo se o D.E.R. ajudasse me pai a pagar uma transfusão de sangue,não daria, porque era um tratamento muito caro”. MILAGRE - “Desesperados, eles voltaram para Perdigão e todos os dias eu e minha mãe ouvíamos na rádio a benção do padre Vitor Coelho de Almeida. Nós colocávamos um copo com água perto do rádio para ser benzida. Eu tinha uma fé incrível, desde pequena. Aí, mamãe e papai fizeram um pedido para que Nossa Senhora Aparecida fizesse com que eu voltasse à minha cor normal e que, se eles conseguissem, eu iria à Aparecida do Norte/SP e contaria o milagre na rádio. Padre Vitor passou, um dia, uma receita feita com vinho tinto, rosa branca e flor de cipó de São João. Nós achamos que aquela receita era o que eu precisava. Me lembro que, quando mamãe fez, deixou os ingredientes um tanto de dias para curtir e me dava todos os dias de manhã como se fosse um xarope. Foi incrível como que, com o decorrer do tempo, foram escurecendo as manchas. Não se percebia de imediato, mas, com o tempo, dava para ver a mudança. Até hoje, eu ainda tenho uma mancha branca atrás no meu cabelo, mas eu me curei. A situação financeira do meu pai era tão difícil que eu só pude pagar essa promessa com 15 anos de idade”. MICHAEL JACKSON – “É igual ao caso do cantor Michael Jackson. Quando apareceu nele, o mundo inteiro falou era que ele queria era ficar branco. Ao ouvir isso, eu sempre ficava calada para não ter que tocar no meu assunto... A questão é que, como ele tinha dinheiro, ele, com certeza, pagou os médicos para que eles acelerassem o procedimento para que ele ficasse logo branco e não bicolor”. “QUERIA ENTENDER” – “É uma doença rara de se ver e eu gostaria de saber mais sobre ela, porque eu nunca consegui encontrar a resposta do motivo dela acontecer. Nós éramos tantos irmãos e só eu tive. Há preconceito sobre ela... Você já viu alguém com vitiligo trabalhar na televisão, por exemplo? Eu nunca vi! Entre os cantores, só conheço um cantor de Rap que tem o vitiligo, mas ele já está na fama. Fico imaginando antes da fama. Se algum especialista souber alguma resposta convincente, que me diga, por favor. Para mim e minha família o que aconteceu comigo foi que eu recebi um milagre de Nossa Senhora Aparecida”. DESCONHECIDA - Para saber um pouco mais sobre a doença e ajudar a entrevistada, a reportagem GP conversou com o dermatologista Mário Lessa, 39. Veja o que ele disse. “O vitiligo é uma doença de causa desconhecida e ninguém, até hoje, conseguiu comprovar a sua origem. Ela pode dar em qualquer área do corpo e ainda não existe uma cura definitiva. Existe o tratamento e é muito raro a pessoa começar o tratamento e não ter resultado. Existe um tratamento oral e outro, através de cremes, e o resultado é bem satisfatório. Lembrando que o vitiligo atinge a todo tipo de pele - branca, negra e parda. Não é uma doença que chega a ser contagiosa e nem leva à morte, o maior problema é o constrangimento que pode haver, vergonha e preconceito. O maior cuidado que a pessoa deve de tomar é com o sol, porque a pele queima fácil”, explica Lessa. É COMUM? - “É mais comum do que muitos imaginam e existem outros procedimentos como fazer maquiagem, uma maquiagem mais forte e permanente. Em alguns casos, indicamos tatuagem no local. Lógico que não é uma tatuagem de dragão ou coisa do tipo, mas uma tatuagem da cor da pele, que vai pigmentando. Mas isso só vale para paciente que já tem o vitiligo bem antigo. Tem também o tratamento a laser. Enfim, existe tratamento, mas o preconceito é a pior coisa que tem e se as pessoas que têm não se importassem tanto seria menos complicado”.

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