Na tarde da última 3ª feira, 20, a reportagem GP participou de uma entrevista coletiva com o diretor operacional metropolitano da Copasa, Juarez Amorim, quando ele, a pedidos, respondeu aos questionamentos da imprensa patafufa sobre a falta d’água na cidade. Informe-se.
“Pará de Minas é hoje o principal foco de atenção da Copasa, já que ela abastece 630 municípios de Minas Gerais e em um único município nós estamos praticando o rodízio de abastecimento: Pará de Minas. Então, é natural que eu, como diretor da região metropolitana, responsável por 50 municípios e mais de 6 milhões de cidadãos, venha com frequência a esta cidade. Neste momento, nosso foco é a população de Pará de Minas, onde aproximadamente 100 mil pessoas vivem um momento de crise”, resume Juarez.
POÇOS ARTESIANOS – “Lançamos uma campanha educativa para o uso consciente da água que começa a mostrar resultados. Já temos várias residências que está havendo redução do consumo de água. Estamos também praticando uma interlocução com o setor empresarial da cidade, porque julgamos necessário a adesão deles para o uso racional em suas empresas. Mas, principalmente, estamos fazendo algo que não acreditávamos dar resultado: a perfuração de poços profundos, mas que está dando resultado. Nas últimas 24 horas, estamos testando a vazão de um poço em frente à antiga rodoviária, onde foi constatada uma vazão firme de 5,5 litros por segundo. Então, continuaremos apostando no reforço do abastecimento da cidade, através da perfuração de poços profundos. Mas, para solucionar o problema de Pará de Minas, precisamos de uma vazão de mais ou menos 200 litros por segundo. Como na E.T.E. - Estação de Tratamento de Esgoto, estamos produzindo 100 litros por segundo; no sistema de poços temos uma produção de 40 litros por segundo, perfuramos 36 poços, dos quais 13 estão produzindo. Temos mais 20 autorizações de perfuração de novos poços e executaremos todas elas. Com isso achamos possível dobrar a produção de água, dentro de 2 meses”.
E AS MANIFESTAÇÕES? – “Temos todo o respeito com a população e com todas as suas manifestações, inclusive aquelas de cobrança e de protesto, quando se sente não atendida em um dos serviços essenciais. Mas que nós sempre afirmamos é que em 1º lugar todas as manifestações devem ser pacíficas. Participo de manifestações, desde os meus 15 anos, e posso dizer, com certeza, que elas ajudam os governantes a tomarem decisões. Mas as manifestações têm de ser pacíficas para que ninguém se machuque e nem danem os patrimônios públicos e privados, porque isso não resolve o problema”.
E O NOVO CONTRATO? – “Nós estamos há 4 anos e 8 meses sem contrato com o município, mas nem por isso paramos de prestar o serviço, inclusive prestando o serviço e fazendo esforço para abastecer toda a cidade. Estamos a disposição para reforçar áreas da cidade que são mais vulneráveis; estamos à disposição também para receber os protestos de toda a população, através do encarregado aqui em Pará de Minas, José Gomes, além de mim e de qualquer um dos nossos técnicos. Nós prestamos um serviço que é essencial e, por isso, já fiz uma reunião com os empregados da Copasa local, explicando que esse serviço deve ser preservado e continuado com muita dedicação e, principalmente, com muito respeito à população pará-minense”.
E AS PARTES BAIXAS? - “A Copasa está fazendo um rodízio de abastecimento entre os bairros e estamos reforçando-o com o abastecimento com caminhões-pipa. Ontem mesmo, fizemos o abastecimento de um bairro na parte alta da cidade. Finalizado, fomos até as ruas mais altas e perguntamos, de casa em casa, se elas haviam sido abastecidas; as que não tinham sido, foram abastecidas com os caminhões-pipas Também tomaremos medidas com relação à população das partes baixas, porém não irei detalhar as medidas aqui e agora”...
HOUVE INVESTIMENTO? - “Algumas pessoas estão dizendo por aí que não houve investimento por parte da Copasa, durante a vigência do contrato. Nesses 30 anos, o abastecimento não teria sido possível sem investimentos. É verdade que São Pedro ajudou muito, mandando chuva para os reservatórios e para o lençol freático, mas quem transporta a água, dá tratamento, armazena e distribui é a empresa. Vou dar um exemplo: Pará de Minas recebeu um investimento de 32 milhões de reais para ter capacidade de tratar todo o seu esgoto, através da E.T.E. Quem fez esse investimento foi a Copasa! A construção da E.T.E. foi uma negociação do prefeito anterior (Zezé Porfírio) com a Copasa, onde foi pedido que a Copasa fizesse um gesto de boa vontade com a cidade para que ela renovasse a concessão. Inclusive, essa negociação foi feita comigo, eu participei da negociação. Levei esse assunto para a diretoria e fiz a demanda, mesmo faltando apenas 2 anos para o fim do contrato. Quando a estação ficou pronta, já não tínhamos mais contrato com Pará de Minas”.
NÃO ERA OBRIGAÇÃO? - “O que acontece é que uma das características dos contratos mais antigos da Copasa com as cidades é que não estabeleciam prazos para a realização dos investimentos. Todos os contratos antigos tinham esse problema: atribuições sem prazo para serem cumpridos. A obrigação da Copasa era de construir a E.T.E. dentro do prazo do contrato de concessão e isso foi feito”.
50 MILHÕES? – “Há uma semana, o prefeito Antônio Júlio esteve em audiência com o governador (em exercício) Alberto Pinto Coelho e a Copasa também foi convidada para estar presente nessa audiência, representada pelo presidente e por mim. Conclusão: Pará de Minas tem um problema hídrico e tem também a necessidade de grandes investimentos, acima de 50 milhões de reais. Essa necessidade requer alguma empresa com contrato de concessão com o município e não sou eu quem vai definir qual será essa empresa. Quem irá definir é o poder da cidade”.
25 KM DE TUBULAÇÃO? – “A última vez que o prefeito nos mandou uma prévia do contrato, nós respondemos, informando o que a Copasa aceitava ou não (dos itens do contrato). Essa resposta foi dada no dia 11 de novembro, 6 meses atrás. Aí, o prefeito disse que iria fazer uma nova proposta, após a aprovação do Plano de Saneamento Básico Municipal que aconteceu há poucos dias. Agora, iremos nos posicionar, a partir da proposta que ele fizer, mas a Copasa não entra em nenhum leilão e é muito importante a população saber disso. Enfim, para solucionar o problema de Pará de Minas serão necessários grandes investimentos e, pelo menos, 2 anos de obras, já que o ponto de captação mais viável é no rio Paraopeba que necessitará de cerca de 25KM de tubulações”.