Na manhã de 20, o, cada dia pior, trânsito de Pará de Minas fez mais uma vítima, quando Fernanda Mendonça de Mello, 19, seguindo para o trabalho de moto, colidiu na lateral de um caminhão, no cruzamento das ruas Nova Serrana e Padre Libério, conforme noticiado na coluna Giro Policial desta GAZETA, na edição anterior. Após o seu sepultamento, a reportagem GP entrou em contato com os pais de Fernanda, Cleusa Maria Mendonça, 49, do lar, e Milton de Mello, 53, operário da empresa Lev Termoplásticos, onde a única filha deles estava fazendo estágio. Extremamente abalados, eles falaram como tudo aconteceu com exclusividade. Não deixe de ler.
“Fernanda sempre foi alegre, gostava muito de ouvir música, conversar com os amigos, assistir aos jogos do Cruzeiro com o pai... Ela passava muito tempo com a gente, dentro de casa, sempre alegre e carinhosa. Era uma boa filha com planos de futuro. Estava fazendo curso de Segurança do Trabalho e estágio na empresa Lev Termoplásticos. Ela tirou a carteira de habilitação, há cerca de 6 meses. Na noite anterior, ela estava tranquila, me despedi dela, antes de dormir. Foi a última vez que conversamos”, relembra a mãe.
A TRAGÉDIA – “No dia seguinte, ela saiu atrasada e aconteceu a fatalidade... Meu marido me ligou, dizendo que ela ainda não havia chegado no trabalho e eu fiquei preocupada. Peguei o carro e fiz todo o percurso para ver se encontrava algum sinal dela. Quando cheguei no cruzamento da rua Padre Libério com Nova Serrana, vi um tumulto e, passando vagarosamente de carro, eu a vi estirada na rua... 1º, reconheci a moto e, depois, a vi... coberta por um lençol. Não tive coragem de me aproximar”.
O PRESENTE – Veja agora o que disse Milton de Mello à reportagem GP.
“Quando ela fez 15 anos, demos duas opções para ela: fazer uma festa ou fazer um depósito (no banco) para, futuramente, ela poder comprar uma moto. Ela preferiu guardar o dinheiro para, quando completasse 18 anos, retirar a moto. Fizemos de tudo para acontecer isso... Ela tirou a C.N.H. (3 de fevereiro deste ano) e, depois, adquiriu a moto. Eu disse pra ela que carteira não ensina a dirigir. Aí, durante os 1ºs meses, na moto, minha esposa a levava ao colégio e eu a buscava com ela pilotando para que pegasse as maldades do trânsito, até ela demonstrar segurança e andar sozinha. Alertávamos, o tempo todo, sobre o perigo da moto”, relembra o pai.
O MOTORISTA – “O policial me aconselhou a não conversar com o motorista e uma testemunha, que estava parada atrás da moto da Fernanda, me disse que o motorista não teve culpa, uma vez que ele passou no semáforo normal, quando ele estava verde. Provavelmente, o fator foi a minha filha estar, talvez, preocupada em chegar atrasada no trabalho”...
O PRESSENTIMENTO – “Ela chegou a ir duas vezes comigo ao trabalho. No 3º dia, ela atrasou. Eu sempre esperava ela chegar lá e, nesse dia, ela não chegou. Por volta das 7H10, comecei a ligar, mas ela não atendia... Aí, um colega de trabalho comentou comigo que havia acontecido um acidente na rua Nova Serrana e que era uma mulher... Na hora, senti que era a Fernanda e fiquei desesperado! Daí pra frente, é só dor e tristeza...
O RECADO – “Quando uma tragédia dessa acontece, a pessoa que se foi não sofre mais. Quem sofre são os pais e familiares que ficam... Então, deixo aqui um recado: se os jovens não se importam com suas vidas, que eles pensem no sofrimento que podem causar na família, caso aconteça uma tragédia como essa. Falarei para todos aqueles que conhecem ou não a gente: toda vez que se sentarem em uma moto, lembrem-se de nós... Porque a Fernanda foi embora e nos deixou sofrendo. Se acontecer com qualquer um o que aconteceu com a Fernanda, são os pais, irmãos e parentes que irão carregar essa dor que não passa. Peço aos amigos da Fernanda que não se lembrem desse episódio só nos próximos 15 dias. Permaneçam com isso sempre gravado em suas memórias”...