Dois americanos e um alemão desenvolveram técnicas de alta resolução.
Inventos permitem observar moléculas dentro de células vivas.
O Prêmio Nobel de Química de 2014 foi oferecido nesta quarta-feira (8) a Eric Betzig, Stefan Hell e William Moerner por trabalhos que levaram a capacidade dos microscópios a um novo patamar.
Por décadas os cientistas assumiam que os microscópios ópticos teriam um limite de capacidade: ele nunca teriam resolução maior que metade do comprimento das ondas de luz. Com isso, era possível observar uma bactéria, mas não um vírus em detalhes, por exemplo.
O trio laureado desenvolveu técnicas que aumentaram consideravelmente a capacidade de observação de processos em seres vivosenquanto eles acontecem -- em nível molecular. Assim, se hoje os pesquisadores são capazes, por exemplo, de enxergar como um neurônio faz a sinapse (comunicação) com outra célula neural, isso se deve ao trabalho dos premiados desta quarta.
Um dos métodos desenvolvidos é o chamado STED, apresentado por Stefan Hell em 2000. Ele usa dois raios laser: um estimula moléculas fluorescentes a brilhar, e outro "apaga" toda a fluorescência que aparece fora do local que se deseja observar. Um escaneamento das moléculas tornada brilhantes pelo laser resulta em uma imagem de altíssima resolução.
Eric Betzig e William Moerner, que trabalharam separadamente, criaram as bases para outra metodologia, que se baseia em "ligar" e "desligar" a fluorescência de moléculas individuais e fazer diversas imagens com cada uma delas "acesa" ou "apagada". A justaposição dessas imagens resulta numa retrato de alta resolução da estrutura a ser observada.
As técnicas desses três cientistas hoje são amplamente usadas em pesquisa e aplicações médicas. Graças a elas foi possível, por exemplo, entender como determinadas proteínas se comportam em organismos de pessoas com doenças como Parkinson e Alzheimer. Novas descobertas usando o conhecimento produzido por eles são feitas diariamente.
Eric Betzig é americano e trabalha no Howard Hughes Medical Institute, no estado da Virgínia. Stefan Hell é alemão e atua no Instituto Max Planck para Química Biofísica, em Göttingen, e no Centro Alemão de Pesquisa de Câncer, em Heidelberg. William E. Moerner é americano e trabalha na Universidade Stanford, na Califórnia.
Confira abaixo os vencedores do Nobel de Química dos últimos anos:
2013: Martin Karplus(EUA-Áustria), Michael Levitt (EUA-Reino Unido) e Arieh Warshel (EUA-Israel)
2012: Robert Lefkowitz e Brian Kobilka (EUA)
2011: Daniel Schechtman (Israel)
2010: Richard Heck (EUA), Ei-ichi Negishi e Akira Suzuki (Japão)
2009: Venkatraman Ramakrishnan e Thomas Steitz (EUA), Ada Yonath (Israel)
2008: Osamu Shimomura (Japão), Martin Chalfie e Roger Tsien (EUA)
2007: Gerhard Ertl (Alemanha)
2006: Roger Kornberg (EUA)
2005: Yves Chauvin (França), Robert H. Grubbs e Richard R. Schrock (EUA)
2004: Aaron Ciechanover e Avram Hershko (Israel) e Irwin Rose (EUA)
Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/10/trio-ganha-nobel-de-quimica-de-2014-por-avanco-em-microscopia.html