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PAI NÃO ACEITA A MORTE DO ÚNICO FILHO - 13/11/2014

Uma foto de uma criança pará-minense morta, vestindo uma camisa do Atlético, dentro de um caixãozinho, chamou muito a atenção na rede social e alguns internautas entraram em contato com a reportagem G.P. Dessa forma, a Equipe G.P. chegou até Alex Ramon Ribeiro Marques, 35, produtor musical, pai da criança morta, Victor Hugo, de 1 ano e 9 meses, falecido em 24 de setembro. Veja, em resumo, o que ele disse. “Meu filho foi internado no P.A., no dia 30 de junho, por estar inchado. Os médicos acharam que ele estava com gases ou vermes, transferindo-o para o Hospital Nossa Senhora da Conceição, onde ele ficou até o dia 7 de julho. Foi diagnosticado que ele tinha um sopro no coração. Ele foi atendido pela dra. Maryolga e quando eu questionei o que ele realmente tinha, ela respondeu que não era cardiologista e que estava apenas cumprindo a carga horária. Disse que viu o meu filho apenas uma vez, mas é mentira, pois ela o atendeu no Casmuc, no hospital e no consultório dela,”, diz o ressentido Alex. DOSAGEM ERRADA? – “No dia da alta, a Dra. Elisabeth (mais conhecida como dra. Betinha) chegou perto de mim e disse que era para eu pegar o meu filho, porque ele estava ocupando vaga no hospital e que o tratamento dele poderia ser feito em casa mesmo. E receitou um remédio chamado Laziques que era para tirar a água do corpo. Quando eu levei a receita para comprar o medicamento, a moça que me atendeu disse que a dosagem era muito alta para uma criança de apenas 1 ano e 7 meses e que isso iria ter conseqüências como a dilatação do rim dele. Se não fosse essa menina da farmácia, meu filho teria morrido até antes. Na mesma hora, a farmácia ligou para a médica e ela reconheceu o erro, pedindo desculpas. Não estou julgando apenas as duas (Maryolga e Elisabeth) que o atenderam, já que meu filho foi atendido por mais pessoas”. A 2ª INTERNAÇÃO – “Mesmo assim, no dia 2 de agosto, meu filho foi internado novamente com risco de morte. O diagnóstico inicial I.C.C. grave – Insuficiência Cardíaca Congestiva. Então, ele tinha não era apenas um sopro; tinha outra coisa mais grave. Ele ficou internado 3 dias e, depois, foi transferido para Divinópolis/M.G., onde foram feitos diversos exames. De lá, ele foi para Belo Horizonte/M.G., onde ficou internado e foi feito o cateterismo. Aí, marcaram a cirurgia para o dia 24 de setembro, última vez que eu e a mãe dele o vimos vivo (emoção). Ele foi para o bloco cirúrgico as 12H50 e às 17H50 ele voltou morto pra gente... Fui atrás do médico que fez a cirurgia e ele me disse que se ele tivesse ido para Belo Horizonte, antes da 1ª vez que foi internado, que, provavelmente, ele estaria vivo. Minha raiva maior foi pela negligência. As médicas poderiam ter me falado a verdade para eu poder ter feito algo pelo meu filho. Muitos falam que ele nasceu com isso, mas não.Tudo começou em junho mesmo”. O PODER DA GRANA – “Fui atrás do Dr. Francisco Chicata (diretor do H.N.S.C) e perguntei para ele: “Se eu tivesse dinheiro, meu filho estaria vivo”? Ele me respondeu que provavelmente sim, porque quando se trata de dinheiro as coisas são diferentes. Eu não sou rico, mas não teria vergonha de pedir ajuda para salvar meu filho. O prontuário falava que a situação do meu filho era de risco de morte, mas eles me esconderam muita coisa. Eu só descobri depois, através dos prontuários”... A DOR – “A dor da ausência dele é muito grande. Ele era uma criança que estava começando a viver... Ali estavam meus sonhos e planos... Meu companheiro, sonho de vê-lo crescer, brincar e jogar bola com ele. No dia que ele foi ser operado eu virei para ele e disse: “Filho, fica bom para você ir embora jogar bola com o papai e brincar com todo mundo”. Agora, a última lembrança que tenho é dele enrolado em um pano, morto! No próximo dia 7, ele faria 2 anos... Poderia estar aqui para comemorar o aniversário. A saudade que sinto dele é muito grande... Não poder sentir o cheiro dele, não poder vê-lo sorrir (emoção). Ele era uma criança simples, amada por todos... Foi um anjo que veio mudar a minha vida e de muita gente. Era uma criança que todos gostavam. Agora, vem o Natal. Foi meu aniversário, no último dia 13. Fiz questão que o 1º pedaço de bolo fosse dele... Então, levei lá no túmulo dele, no outro dia. Minha tristeza é ver meu filho no cemitério e não poder abraçá-lo mais, não poder fazer mais nada”. A JUSTIÇA – “E essa reforma que está sendo feita no hospital? Que melhora que teve? Atendimento melhor no hospital é só para rico. Os pobres são tratados como restos... Eles estão tentando calar a minha boca, mas eu não vou me calar! Eu não estou sozinho. Estou sendo orientado por profissionais capacitados e, em momento algum, estou ameaçando alguém de morte. Quero apenas justiça, porque foi tirada a vida de uma criança inocente. Estou correndo atrás, não só por causa do meu filho, mas para não acontecer com o filho de mais ninguém. Entrei na justiça, tenho 3 advogados: um que está resolvendo as coisas por aqui e 2 de fora para resolver o caso de B.H. O hospital me chamou para uma reunião para tentar me parar. Agora, duas psicólogas vieram conversar comigo e me disseram que eu ter outros filhos, mas não é a mesma coisa... Ele era tudo na minha vida! Eles querem que eu faça tratamento com psicólogo, mas o meu problema não é na cabeça, é no coração”... A DOSAGEM - Procurada, veja, em resumo, o que disse dra. Betinha. “O paciente foi internado durante o meu plantão e encaminhado para o P.A. com diagnóstico de síndrome nefrótica. Discuti o caso com o nefrologista do hospital, dr. Roberto Kennedy, que concordou com o diagnóstico. Pedi todos os exames e o que chamava atenção era um sopro cardíaco alterado. Indicamos o Laziques para diminuir o edema. No dia seguinte, pela manhã, a criança ficou completamente roxa, sendo atendido pela dra. Edvânia, apresentando um quadro de insuficiência cardíaca congestiva grave. Não sei desde quando ele tinha esse quadro de cardiopatia, desde o nascimento. Ele permaneceu internado e foi acompanhado pela cardiologia adulta, feitos alguns exames e ele continuou em tratamento com o Laziques. Dei alta, pois achei que não era necessário ele permanecer internado, pois ele precisava de um acompanhamento ambulatorial. Aí, o encaminhei para a cardiologia pediátrica com encaminhamento de prioridade. Parece que ele teve problemas e em B.H. temos a solução oral diluída para crianças e aqui em Pará de Minas não temos. O pai alega que, ao chegar na farmácia, a farmacêutica notou que a dosagem que eu passei era uma dosagem alta e foi infeliz ao dizer que eu queria matar o filho dele. Ela ligou para o hospital e conversou comigo sobre a concentração da medicação. Tomei um susto (porque a medicação oral é mais concentrada que a venosa que eu receitei), refiz a dosagem da medicação e passei para a criança tomar em casa. Vários plantões depois, ele voltou a se internar e quando eu cheguei no plantão disse que ele não poderia ficar ali, porque não havia recursos e o encaminhei para um serviço de cardiologia pediátrica. Tínhamos de descobrir se era um tratamento cirúrgico ou clínico. Pedi vaga pelo SUS-Fácil e consegui uma vaga no hospital São João de Deus, no mesmo dia. Depois disso, não tive mais notícias, fiquei sabendo, neste momento, através da GAZETA, que ele veio a falecer. Fiquei triste, pois não imaginava que isso viesse a acontecer. A morte dessa criança foi uma surpresa para mim. Tive contato com o pai dela apenas no hospital, não tivemos atrito algum, nem com ele nem com a família. Tive um contato maior com a avó da criança, pois ela estava notando as melhoras. Expliquei o porquê do erro em relação ao medicamento”. O MELHOR CAMINHO - De acordo com o médico Francisco Chicata, “Vitor Hugo já nasceu com problemas e todas as medidas foram tomadas. E não é questão de dinheiro que resolveria o problema”. Chicata ainda disse que o melhor caminho a ser tomado é a justiça e não essas críticas caluniosas e difamatórias. Pediu que publicasse uma Nota de Esclarecimento que ele enviaria. Veja abaixo. A NOTA – Contatada, Ana Cristina, secretária de dra. Maryolga, solicitou o envio de um e.mail com a acusação e ele foi enviado. Depois, Ana Cristina ligou para o jornal, informando que a resposta da médica era também a Nota de Esclarecimento do H.N.S.C. Confira, em resumo. “A diretoria Técnica do Hospital Nossa Senhora da Conceição, considerando as matérias inverídicas, difamatórias e caluniosas do Sr. Alex Marques, e que atinge a honra e dignidade de membros do seu Corpo Clínico, vem esclarecer que o menor V.H.M., foi internado no hospital com quadro grave de Cardiopatia Congênita e encaminhado, por intermédio do SUS-FÁCIL, para outro estabelecimento hospitalar. Esclarece, outrossim, que todos os procedimentos protocolados necessários ao acolhimento e transferência da criança foram adotados prontamente, sem qualquer ato ou fato que atrasasse a remoção da criança. Esclarece, ainda que a criança, ao ser removida, embora apresentasse cardiopatia grave, encontrava-se estabilizada e faleceu, durante procedimento cirúrgico, na Unidade Hospitalar para a qual foi transferido por intermédio do SUS-FÁCIL. Esclarece ainda que os profissionais das Clínicas Pediátricas e de Cardiologia do Hospital Nossa Senhora da Conceição adotaram todos os procedimentos necessários para o acolhimento, estabilização e remoção da criança para o centro especializado em tratamento pediátrico/cardiológico, não tendo havido qualquer omissão por parte daqueles profissionais”.

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