BIÉ BARBOSA, jornalista e publicitário (UFMG), nascido em Pará de Minas em 22/11/53, é casado com Maíza Lage com quem tem 4 filhos. SEU LEMA: “O SENHOR É MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ”! |
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Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1894 abaixo:
SABIA QUE A SERRA DO CIPÓ ACABA DE GANHAR UM NOVO JUQUINHA?
Na Serra do Cipó/MG, onde eu também gosto de estar, ao lado de minha querida família e amigos, há uma infinidade de cachoeiras lindas, água pura e um eterno personagem chamado Juquinha. Uma espécie de padre Libério daqui. A população de lá o reverencia, inclusive com instalações de estátuas desse ermitão quase anão, em várias partes do distrito Cardeal Mota, mais conhecido como Serra do Cipó. Anos atrás, debaixo da maior estátua do Juquinha, que fica no centro do distrito, ao comprar bijuterias feitas por uma espécie de hippies do lugar, conheci o Saninho. De lá pra cá, ele sempre tem me distinguido e eu a ele, quando chego ali, sempre falando coisas agradáveis de ouvir sobre a minha pessoa. A partir de então sempre a chamei de Novo Juquinha. Durante a pandemia, eu o encontrei, quando entrava em um supermercado de lá e, logo, percebi uma expressão tristonha em seu rosto. Aproximei-me dele e perguntei:
- Para onde foi aquela alegria toda, Novo Juquinha?
- Com esta pandemia, os turistas sumiram e eu fiquei quase que sem nenhuma renda, para sustentar a minha esposa e os nossos dois filhos. Está difícil, cara! Se você puder me ajudar traga para mim, lá de dentro (do supermercado) um pouco de batata e macarrão, para eles comerem.
Eu disse sim e fui fazer as minhas compras. Acontece que eu não tinha levado cartão de crédito, apenas uma nota de vinte reais, porque estava fazendo a minha tradicional caminhada matutina. Entre as prateleiras, percebi que aquele pouco dinheiro não daria para comprar as três ou quatro coisinhas que estavam faltando lá em casa, além das duas coisas que ele me havia pedido. Decidi, então comprar, primeiramente, dois quilos de batata e dois pacotes de macarrão, quando sobrou dinheiro para comprar apenas um dos meus itens. Na porta do supermercado, quando ele me viu levantando as duas sacolas pra ele, veio rapidinho até mim. Tirou o chapelão que ele sempre usa - parecido com aquele, do Juquinha - e fez gesto para beijar a minha mão, mas eu a puxei, dizendo:
- Não faça isso! Seus olhos já me disseram tudo que você queria me dizer...
- Deus abençõe a você e à sua família!
Agora, há uns quinze dias, ele passou por mim, novamente no Centro, perto de onde ele faz ponto de venda das bijuterias, retornou e me deu um abraço apertado. Eu agachei um pouco, encostei o meu coração no dele e perguntei:
- Como está o comércio agora, Novo Juquinha?
- Voltando aos poucos, graças a Deus!
Depois, ele se foi, mas olhou pra trás e me disse:
- Há pessoas... e há pessoas!
Eu sorri e ele também. Infelizmente, no último dia 21, recebi a tristíssima notícia de que Saninho foi encontrado morto, de madrugada, na chuva, em uma estrada de São José da Serra/MG, onde ele também costumava vender os seus delicados produtos. Ele foi sepultado em Contagem/MG, onde residem seus familiares...
E você, já sentiu a morte de um amigo, como se fosse um parente?
UMA BOA LEITURA!
O editor GP escreve mais uma crônica: Duplamente agradecido, pois é tudo farinha de um mesmo saco