Uma avalanche de e-mails vem caindo
nas caixas postais dos usuários,
contendo informações desabonadoras
sobre os dois candidatos do 2º turno.
São acusações das mais diferentes sobre
a vida política, ideológica, religiosa,
pessoal e até sexual dos concorrentes.
Vão desde episódios conhecidos e
superados até graves ofensas que,
identificados os autores, poderão colocálos
na cadeia e ainda deles exigir pesadas
indenizações por danos morais. Além
da indiscrição do passado, existem as
ilações e conclusões que, na maioria das
vezes, conduzem ao absurdo e bizarro.
Algumas dessas ofensas que circulam
pelo território livre da internet e na
forma de boatos, chegam a transpirar
para outros meios de comunicação, mas
de forma discreta, pois aí se exige a
identificação dos autores. É importante
que o eleitor esteja atento e rejeite toda
a campanha feita na contramão. Que
escolha o seu candidato pelas propostas
que apresenta e não pelo mal que os
adversários dele falam. A campanha
eleitoral existe para a apresentação
dos planos de trabalho de cada
concorrente e não pelos seus tropeços
e erros do passado. Supõe-se que todos
os concorrentes, independentemente
da forma como agiram no passado,
são cidadãos íntegros e em condições
para exercer os cargos postulados.
Principalmente agora que, em razão da
Lei da Ficha Limpa, a Justiça Eleitoral
se encarregou de retirar da disputa
todos os condenados em 2ª estância,
além de exigir vasta documentação que
prova boa conduta. São indevidas as
acusações que hoje se faz a candidatos
que participaram da luta armada ou,
por alguma razão, tiveram de buscar o
exílio. Todos esses ditos crimes – tantos
os cometidos pelos opositores, quanto
pelos agentes do regime - tiveram a
punibilidade extinta através da Lei da
Anistia, colocada em vigor no dia 28 de
agosto de 1979, pelo então presidente
João Batista Figueiredo que, com ela,
buscou a reconciliação nacional. Não
fosse a Anistia, muitas das estrelas
políticas que pontificaram na constelação
nacional durante as últimas três
décadas, nem poderiam ter retornado
do exílio e outras teriam purgado mais
anos na cadeia até o término de suas
penas. Nas eleições passadas, Lula,
FHC, Brizola, Mário Covas, Miguel
Arraes e um grande número de políticos
que lutaram contra o regime de 64 ou
por sua finalização foram vítimas de
campanhas difamatórias promovidas
por muitos dos que se beneficiaram da
Anistia, mas tentam negar o mesmo
direito de perdão aos seus adversários. É
um comportamento desumano, desleal
e antipatriótico. Anistia e reconciliação
nacional sugerem zerar os ditos crimes
políticos e os excessos cometidos tanto
por um lado quanto pelo outro. Quem não
concordar com essa premissa, antes de
exigir o apenamento de seus adversários
ou opositores, terá de também pagar
pelos próprios agravos. Mas isso é
impraticável e não serve a ninguém. Só
aos carcomidos saudosistas. Espera-se
que os candidatos, seus seguidores e o
eleitor definam a atual eleição olhando
para o futuro. Passado é apenas história
que se deve manter viva só para evitar
a repetição dos erros. Priorizar crimes
já anistiados, pagos ou prescritos é uma
grave lesão