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“Sinto mais falta é da minha família”… - 26/10/2012

O pará-minense Thiago Marcos Pinto Santos, 29, formado em Ciência da Computação, pela Universidade de Itaúna, também conhecido pelo apelido de Missão, casado, filho da comerciante Eliane Pinto e do empresário Marcos Santos está morando há 2 anos em Helsinque, capital da fria e distante Finlândia. Passando as férias no Brasil, ele esteve na cidade, onde reside sua família. Na sede da GAZETA, ele concedeu uma interessante entrevista para a reportagem GP sobre aquele país. Veja. “A Finlândia é um país que, na área que eu trabalho, de computação e tecnologia, é bem avançado. Sempre tive interesse e sonho de trabalhar no exterior, porque via pessoas, inclusive meus amigos, irem trabalhar no exterior que eles descreviam como sendo uma experiência fantástica. Então, por eu ter trabalhado aqui no Brasil, no Instituto Nokia de Tecnologia, isso facilitou muito a minha ida para Finlândia, onde fica a matriz da Nokia. Eles falam o finlandês, mas como hoje eu trabalho em uma empresa americana, a Intel, onde convivo com muitos imigrantes, então eu falo sempre em inglês. A língua finlandesa é muito diferente do inglês ou até mesmo do português, mas existe uma palavra finlandesa que todo brasileiro conhece: sauna. Trata-se de uma invenção deles que veio para o Brasil, mas manteve a palavra original”, explica Thiago. “Eu compro coraçãozinho para comer, mas o cara do açougue deve pensar que eu vou fazer um vudu” “Estou na Finlândia há 2 anos e a principal diferença para nós, brasileiros, é o CLIMA. A região que eu moro fica no extremo sul da Finlândia, que, teoricamente, é o lugar mais quente. Porém, no último inverno a temperatura chegou a menos 36°C. A maioria dos brasileiros que eu conheci ficaram lá até o 5º inverno, mas eu conheço alguns que estão lá há 20 anos. Então, eu acredito que ainda aguento mais alguns invernos (riso). Com relação à essa CRISE ECONÔMICA MUNDIAL, acho que ela não abalou tanto a Finlândia. Acho, inclusive, que a Finlândia é o único país da União Europeia que mantém o “grade” (grau de investimento) A, A, A, que é o grau máximo de investimentos que um país recebe. É um país que enfrentou duas guerras recentes, a 2ª Guerra Mundial e a Guerra de Inverno contra a União Soviética, sendo que na 2ª, eles foram bem afetados. Então, eles têm uma cultura única, diferente até do resto da Europa, de nunca desperdiçar as coisas. São sempre muito cuidadosos com isso. Talvez, por isso, a crise não tenha chegado com força total na Finlândia. Sobre a ALIMENTAÇÃO, posso afirmar que a carne bovina lá é muito cara; as pessoas gostam, mas não comem com frequência por causa do alto preço. Certa vez, cheguei a comprar uma picanha a 45 euros o quilo. Então, eles comem muito salmão, porque tem muito, pois as águas são frias; comem também bastante batata, carne processada, salsicha, bola de carne, etc. Uma coisa que é muito barato lá é o coração de frango, porque lá é considerado resto e eles não comem. Tem um açougue lá que vende coração de frango para dar para gatos e animais de estimação. Eu vou lá e compro coraçãozinho para comer, mas o cara do açougue deve pensar que eu vou fazer um vudu (risos). Fora isso, os pratos doces lá nunca são doces o suficiente, nem os salgados são salgados o suficiente. No geral, a alimentação deles é bem saudável. Do Brasil, sinto mais falta é da minha família... da comida também, mas isso eu dou um jeito. Agora, tem um brasileiro que está importando alguns produtos brasileiros como feijão marrom, porque lá eles comem mais é feijão verde. Esse brasileiro comprou uma máquina industrial de fazer pão de queijo”. “Eu tenho amigos que adoram sair com a gente, justamente pelo fato de sermos alegres e descontraídos” “Os finlandeses sabem que o Brasil é um mercado emergente, pois eles são bem esclarecidos sobre o que está acontecendo no Brasil. Eles sabem que é um país que está passando por um momento econômico bom. Tem muita empresa finlandesa investindo no Brasil, pelo tamanho que é o país. Eles têm muitas multinacionais. Eles vêem o Brasil como uma boa oportunidade de investimentos. Eles sabem também que somos um povo muito animado e festivo. Eu tenho amigos que adoram sair com a gente (há em torno de 500 brasileiros lá), justamente pelo fato de sermos alegres e descontraídos. Um colega meu de trabalho me enviou um e-mail, esses dias, dizendo que estava sentindo saudades, porque as conversas na hora do café estavam chatas sem a minha presença”. “Os finlandeses sempre abordam as pessoas, confiando nelas... muito diferente daqui, onde as pessoas desconfiam de todo mundo, o tempo todo “O finlandês é muito apegado à natureza que ele preserva bastante. Então, ele tem uma consciência ambiental incrível de reciclar, de proteger o verde, de não sujar as coisas. Outra coisa que eu vejo lá e acho chocante é a cultura da confiança que eles têm. Eles sempre abordam as pessoas, confiando nelas... muito diferente daqui, onde as pessoas desconfiam de todo mundo, o tempo todo. Eles são muito discretos, falam muito pouco, somente o necessário. A maioria do país é da religião protestante, você também vê muitas igrejas ortodoxas, por causa da Rússia. Existem também muitos imigrantes muçulmanos. Enfim, a Finlândia não é um país muito procurado por imigrantes para prestar serviços manuais de pintor, carpinteiro, pedreiro, entre outros. Lá são os próprios finlandeses que fazem esse tipo de serviços. Lá também não é um lugar turístico muito conhecido, mas quem estiver passando pela Europa, principalmente agora, que tem muita gente indo visitar Saint Petisburgo, na Rússia, que é bem próxima, eu recomendo que se arrisquem a passar por lá, porque é muito bonito de se conhecer”.

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