O médico ortopedista José Rossini faleceu, em Belo Horizonte, onde trabalhava e residia, diagnosticado com câncer no pâncreas aos 68 anos. Pai de 3 filhos, Dr. Rossini, como era mais conhecido, é descrito pela irmã, a diretora aposentada, Nadir Lino, como um homem humilde, caridoso e de fé. Ela contou para a reportagem GP sobre os últimos momentos de sua preciosa vida. Vale a pena ler.
“O meu irmão era uma pessoa de fé e um ótimo profissional que demonstrava muita seriedade e responsabilidade em tudo o que fazia. Mas o que mais me impressionava nele era sua devoção por Nossa Senhora. Essa fé dele faz com que eu acredite mais ainda que ele está embrulhadinho no manto dela... (emoção) A saudade é muito grande... e acreditar que ele está bem nos conforta. Sabemos que ele está com Deus que está no céu. Ele foi mais que um irmão; foi também um amigo e um grande companheiro. Nós tínhamos apenas um ano de diferença de idade. Então, vivíamos tudo juntos: as conversas, a confiança... onde ele estava, eu estava. Éramos muito ligados”, suspira Nadir.
O PÂNCREAS - “Há um ano e meio, eu acho que ele, como médico, já havia percebido que estava com câncer. Aí, ficou em silêncio, não contou nada para ninguém. E quando ele já estava no hospital, no fundo, no fundo, já sabia que não tinha mais jeito. Quando o visitávamos ele falava: Olha eu já estou no estágio tal e amanhã já vou estar assim, assado. Como ele era médico, acompanhou a doença toda, sabendo o que estava por vir. Acho que isso o fez sofrer ainda mais... E o câncer no pâncreas não tem transplante. Por isso, era muito triste vê-lo morrendo um pouco, a cada dia.”
A FÉ - “Mas ele falava sempre que estava pronto para morrer e que não tinha medo de Deus o levar. Apenas a dor o incomodava. Para mim foi uma coisa muito bonita ele acreditar e ter aquela aceitação tão grande. Acredito que a fé dele era muito grande! Sempre, antes de fazer uma cirurgia, ele ficava de joelhos, pedia a proteção de Deus e rezava a Salve Rainha (oração). Ele era também muito humilde e caridoso. A secretária dele brincava, falando que ele não iria ter dinheiro para sobreviver, porque ele nunca cobrava de clientes que não podiam pagar. Mas ele respondia: Como eu vou cobrar de uma pessoa que não tem nem alimento? Não se preocupe com isso, porque Deus vai me dar não é o dobro, mas o triplo. E deu mesmo! Lembro-me que, no velório dele, um senhor simples se aproximou, pegou na mão dele, olhou para mim e disse: As mãos dele são mãos de campeão!
A CIRURGIA - “Quando ele foi fazer a cirurgia, meu sobrinho me ligou e disse: Tia, eu assisti a operação do tio Rossini e a senhora avisa a todos que o caso dele só Deus pode ajudar, pois os médicos apenas abriram... não conseguiram fazer nada... tiveram que fechar. Foi um choque muito grande para mim, pois era eu quem deveria transportar essa triste notícia. Mas, depois da cirurgia, ele ainda viveu 2 meses. Eu o visitava, sempre que podia, e ele sempre demonstrava esperança. Eu não gosto de falar que perdi meu irmão, mas que Deus o buscou. Eu fui uma das últimas pessoas a vê-lo. No dia anterior à morte dele, ocorrida no início deste ano, mais precisamente no dia 14 de fevereiro, fui visitá-lo. Ele segurou a minha mão e disse: Não deixe de cantar, pois sua voz é muito bonita. Procure ser boa e continue sempre sorrindo. No dia seguinte, às 8H, ele faleceu... Até hoje, eu não consigo cantar uma música que eu cantava com ele, sem me emocionar... mas, um dia, eu vou conseguir cantar, sem tristeza nenhuma”.
O CONSELHO - “Era muito triste e bonito, ao mesmo tempo, o jeito com que ele conduziu o fim da vida dele. Ele tinha 3 filhos, dois médicos e um cirurgião dentista. Quando ele estava no seu leito de morte, ele nos deu uma grande lição. Chamou os filhos e disse: Antes de serem bons médicos e dentista, peço que sejam boas pessoas. Saibam como tratar o paciente, pois muitos médicos não sabem como falar com as pessoas. Peço que sejam melhores do que eu”. Sem dúvida, ele era um médico de corpo, mas também de alma”