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Bariri: antes e depois - 05/06/2014

Atualmente, a maioria das pessoas não dá valor à importância da natureza para a nossa simples sobrevivência. Porém, existe uma minoria maravilhosa que está com as antenas ligadas ao fim desses tempos. Entre essas poucas pessoas, a reportagem GP destaca hoje Maria da Conceição Alves Marinho, 69, casada com Geraldo Marinho com quem tem 2 filhos e uma neta. Dona Fia, como é mais conhecida, contou um pouco do trabalho que ela vem realizando no Bariri, através da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, tão bem dirigida por Ramon Diniz, o Casão, 41. Não deixe de ler. “Nasci e fui criada em Florestal/MG, mas moro em Pará de Minas há 46 anos. Tenho aqui como minha terra natal, adoro morar aqui. Há muitos anos, fui envolvida nesse trabalho, eu ainda era pequena. Por ser de família humilde, investi a minha vida na natureza, um universo tão grandioso que faz com que eu me sinta a pessoa mais feliz do mundo. Quando eu era menina e buscava lenha, onde eu tirava uma árvore eu deixava uma muda para nunca ficar descampado. Hoje em dia, a maioria das pessoas passa um grande tempo na internet, no celular... nem olha mais para o rosto das pessoas. Eu já sou diferente: olho a perfeição da natureza e o jeito que ela nos responde. Passo muito parte do meu tempo contemplando a natureza. Acho esse trabalho muito gratificante”, apresenta-se dona Fia. 67 CAMINHÕES DE LIXO – “Há 10 anos, fiz um trabalho que foi muito gratificante, que eu não esperava ter um retorno tão grande igual foi. Eu moro na rua das Orquídeas, no bairro Castelo Branco, onde, em frente à minha casa, havia um loteamento, onde via pessoas jogando muito lixo. Foi com a quantidade que eu fiquei indignada, pois as pessoas hoje têm mais esclarecimentos, são mais estudadas, falam muito sobre meio ambiente... e as pessoas fazendo aquilo ali, abusando da rua, onde todos passam. Na época, perguntei ao prefeito se ele me autorizava a limpar aquela área e ele achou a minha iniciativa muito diferente. Me disse que as pessoas apenas o procuravam para pedir coisas e eu fui lá oferecer um serviço. Ele aceitou e colocou à minha disposição vários caminhões e uma máquina para tirar o lixo. Deu 65 caminhões de lixo e 2 caminhões de pneus velhos que estavam jogados dentro do ribeirão Paciência. Ali havia muitos focos da dengue”. A CAPELA - “Nesse período que eu estava lá limpando, o pessoal mais humilde que passava me pediu para fazer uma gruta lá. Aí, conversei com o meu marido, que é muito compreensivo, que o dinheiro, que a gente tinha para fazer uma viagem ao exterior, eu gostaria de erguer a tal capela que eu, com muita audácia, desenhei. Hoje, vejo que todos que passam por ela reza, principalmente aqueles que estão deprimidos ou em solidão. Com o tempo a mata (que ela plantou) cresceu, os animais voltaram e é um lugar muito agradável. Quando o sol está muito quente tem uma sombra muito boa. Conservo o lote e a capela sempre limpos. Para mim, foi uma realização ter feito, pois se tivesse viajado para o exterior, quando eu voltasse estaria tudo do mesmo jeito e sem a capela”. E O BARIRI? – “Agora, o prefeito me pediu para que eu olhasse o Bariri, que fizesse alguma coisa. Quando cheguei aqui, vi que a cascata estava muito suja, cheia de mato e de barro. Eles, então, me ofereceram mão de obra e eu limpei onde tinha muitas raízes que impediam a vazão da água. Vi que as pedras estavam pintadas de branco, o que não tem nada a ver com a natureza. Aí, eu as pintei de marrom e plantei vários câmaras que são repelentes, contra o mosquito da dengue, em volta da cascata. Na parte de cima, vi que existia uma terra muito bruta que não penetrava água e eu não poderia fofá-la, senão ela iria descer para o passeio e virar barro”. SEM VERBA – “Mas eu tenho muita ansiedade de ver tudo pronto e bonito, mas sei que a prefeitura, como todas as outras, está tendo dificuldade para arrumar verba. Como aqui tem 3 funcionários permanentes, o Santinho, o Derli e o Derci, que, nas horas vagas, arrumam os jardins das pessoas que residem aqui na redondeza; eles ganham as mudas das podas que fazem nesses jardins. Aí, eles trazem para mim essas mudas e eu vou plantando aqui e, aos poucos, estou fazendo com que os jardins do Bariri fiquem bonito para todo mundo apreciar a natureza e as flores. Mas com essa falta de chuva e de água na cidade, infelizmente, não estou tendo água para as plantas e algumas delas não estão resistindo muito ao sol”. ELA NÃO PARA – * “Agora, quero conseguir tinta gratuita para tirar as pichações da pista de skate. Aí, vou chamar o grafiteiro Monge para fazer um grafite bem bonito aqui, porque é disso que os jovens gostam. No futuro, quando Deus quiser, e eu sei que Ele vai querer, aqui será um pequeno Inhotim (pequeno museu a céu aberto, em Brumadinho/MG); * Quando fui a Pimonte/MG e Itapecirica/MG e vi os jardins daquela cidade de apenas 40 mil habitantes, fiquei impressionada com aquelas roseiras lindas, apesar de que o tempo estava muito quente. Percebi, então, que a cultura daquelas cidades faz com que as pessoas tenham consciência sobre o meio ambiente. Gostaria tanto que aqui fosse assim também! Lá, eles tinham um nível alto de educação para cuidar das plantas. Mas vejo que já estamos iniciando isso aqui também, porque os jovens de Pará de Minas já não estão quebrando mais as plantas. Aliás, há jovens aqui que estão até colaborando muito comigo; * Enfim, gostaria de fazer parceria com grandes firmas para que elas adotassem nossas praças, mas cuidando sempre delas para que as plantas não morram por falta d’água. A cidade iria ganhar muito com isso, porque onde tem natureza, a população tem pensamentos limpos, não pensa em maldades, não atropela ninguém e contribui para o bem-estar de todos”.

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